Oralidade e Letramento
1. Oralidade e
Letramento como práticas sociais
É preciso observar, que a oralidade e o
letramento são duas práticas na sociedade contemporânea. Na investigação dessas
duas variedades, foi possível constatar que é impossível desvinculá-las, sem
uma referência direta ao papel que desempenham nas práticas sociais, se a
distribuição de seus usos no cotidiano não for considerada, uma vez que o
tratamento de suas relações centra-se exclusivamente no código.
A oralidade e o letramento possuem
características próprias, mas que não são opostas o suficiente para
caracterizá-las como dicotômicas, ou seja, diferentes. No entanto, elas devem
ser vistas como atividades interativas e complementares no contexto das
práticas de usos comunicativos e de gêneros textuais sociais e culturais, sendo
que seus objetivos de uso se apresentam de uma forma diversa e com intensidades
variadas em contextos sociais básicos, como por exemplo, no dia-a-dia, no
trabalho, na família, na escola, na vida burocrática e em atividades
intelectuais.
Assim, não são primeiramente as regras
da língua que merecem atenção, e sim, os usos da língua, já que é a variação linguística que determina e permite uma escolha de gênero em todas as situações
do uso da língua.
Sob o ponto de vista mais central da
realidade humana, seria possível definir o homem como um ser que fala e não como um ser
que escreve. Entretanto isso não significa que a oralidade seja superior à
escrita, nem traduz a convicção de que a fala é primária e a escrita é derivada.
Portanto, a escrita não pode ser tida como uma representação da fala.
Enfim, a língua, seja na sua modalidade
escrita ou falada, reflete, em boa medida, a organização da sociedade. E, uma
não deve ser mais privilegiada que a outra, as duas possuem suas próprias
características, mas não devem ser consideradas diferentes, pois oralidade e
escrita são duas práticas sociais e não duas propriedades de sociedades
diversas.